Ser Douro

Para mim, nascida e criada na região do Douro a época de Vindimas é, e continua a ser (embora menos) uma época de colheita, festa, movimento, confusão, casa cheia e tudo em ‘reboliço’… Mas um reboliço bom, alegre! E isto não se aplica só aos grandes produtores ou às quintas com hectares de vinha a perder de vista. A Vindima é uma atividade agrícola com um ADN próprio, e isso só o sente quem o vive.

O início

Desde muito miúda comecei a ir às Vindimas para acompanhar (só!). Gostava de me juntar com a minha mãe, ou uma das minhas tias e ir levar o almoço ao pessoal  (vindimadores). Era um percurso feito a pé e longo (45 minutos). Mas gostava de apreciar toda aquela faina, as pessoas sentadas no chão prontas para almoçar, os cestos completamente cheios pelo meio da vinha, os baldes de onde aonde, as tesouras, os tratores de um lado para o outro e os grandes contentores de uvas pintados com cores vivas. Sim, tudo aquilo era apreciado ao detalhe.

Vindima

Os anos passaram, e que bom, porque o que queria mesmo era vindimar! Tinha uns 13/ 14 anos e na companhia de irmãos e primos vindimámos durante alguns dias algumas pipas de vinho. Foram as primeiras vindimas a valer! Eram dias de muito cansaço, dores de costas e pernas, mas também eram dias de muita animação e união. Íamos conversando sobre vários temas, de vez em quando cantávamos e contávamos umas anedotas, e ríamos, ríamos muito! Na altura ainda havia o – Sr. dos baldes -, o responsável por esvaziar os baldes cheios dos vindimadores e lhes levar um vazio (hoje é o vindimador que faz isso). O Sr. dos baldes estava a meio da vinha e atuava ao som alto do ‘BALDE CHEIOOOO’ de um vindimador. Gostava muito deste momento, e aproveitava sempre para dar mais força ao som, embora em tom positivo soava a grito ‘balde cheio’ (risos).

Durante vários anos ainda fui vivendo as Vindimas neste formato, um ‘reboliço bom’. Outros anos houve em que estive ausente, bem ausente. Agora, em time off, foi altura de voltar a viver as Vindimas, e mesmo sem o Sr. dos baldes gritei ‘balde cheio, balde cheio’. E cheio mesmo, foi o dia!

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