Caminhar por um  dos bairros mais típicos de Lisboa, em pleno coração de Campo de Ourique,  e poder parar para: i) ver e fotografar presépios em redomas, e outros registos religiosos; e ii) conversar com a artista, com quem lhe deu vida, a querida Maria José Abreu Pereira; pode parecer não ter nada de especial. Mas não! Este é um espaço diferente. É na rua Coelho da Rocha, no número 80, no rés do chão, que se abre diariamente durante a tarde uma – janela -, que faz parar, e espreitar quem passa. Mesmo, o menos curioso.

A janela

Circulava a pé, depois de almoço, numa tarde de sol, e a janela aberta com os presépios distribuídos numa pequena prateleira a ‘quererem vir para a rua’ fizeram-me parar. Impossível, é que eles ‘chamam!’. São lindos. Gosto de presépios. Gosto de arte. Gosto desta forma de estar. Simples, leve, livre, natural, … e com significado. Lembra a vida de aldeia. ‘Estes presépios são feitos por si?’, ‘Este espaço é um atelier?’, ‘Está a vender estas peças, certo?’, ‘Há quanto tempo está aqui?’, … Foram um número infinito de questões, uma a seguir à outra que fiz a Maria José, que carinhosamente foi respondendo a todas. Sempre à janela. Ela do lado de dentro, e eu do lado de fora, debruçada no parapeito, a falar, e simultaneamente a reparar nos meninos Jesus, nos burros, nas ovelhas, nos manjedouras, no musgo,…, num conjunto de figuras delicadas e quase todas em miniatura. Arte sacra de encantar, que delícia crentes e não crentes. ‘Fé, e crenças à parte, as minhas peças são compradas por quem gosta do meu trabalho, há de tudo um pouco’, respondia relativamente a Clientes.

Depois de ter sido mãe pela terceira vez, e de ter abandonado o trabalho como secretária, decidiu dedicar-se à arte, o seu mundo. Fá-lo há 26 anos, e nesta janela à quatro. Que feliz e maravilhoso encontro …

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