Anos e anos a fazer parte de muitos dos meus trajetos pela capital. A passar por ele dias e dias sem conta. Mas a resistir, e facilmente, a uma visita ao seu interior. Mesmo sabendo que se trata de um espaço muito procurado pelos turistas que visitam  a capital, mesmo estando em crescente a sua dinamização como ponto de atração turística. Mesmo com visitas guiadas. Mesmo aparecendo frequentemente nos media como um ponto de interesse. Trata-se do último destino, da última morada, …, e portanto muito pouco atraente. É um cemitério! O Cemitério dos Prazeres. No entanto, lá chegou o dia. Um time off surpreendentemente bonito!

Construído em 1833, perto do bairro de Campo de Ourique, e portanto próximo de muitas residências aristocráticas, desde cedo se tornou distinto. O cemitério das famílias dominantes e poderosas da cidade. É também o segundo maior cemitério da capital portuguesa. Constituído na sua maioria por jazigos particulares, autênticos monumentos no âmbito da arquitetura, da escultura e da arte, são eles a principal atração do cemitério. Construções imponentes, com adornos arrojados e detalhes únicos. Mas não só. E eu fui até lá, ver e fotografar. Como o faço sempre.

A visita

Visitar o cemitério dos Prazeres é uma viagem incrível a um mundo de crenças e convicções. É isso que está retratado na maioria dos jazigos. Foi isso que vi! Autênticas obras ‘carregadas’ de simbolismo. Maiores, mais pequenas, mais arrojadas, menos arrojadas, muitas delas têm pequenos bancos à entrada, um reduzido pátio de acesso ao jazigo, com um pequeno portão. Parecem habitações de ‘brincar’. Mas também as há de grandes dimensões. Aliás, o maior mausoléu particular da Europa, o jazigo do Duque de Palmela é lá que se encontra. Passei por lá, como passei pelo Talhão dos Artistas, o Talhão da Polícia de Segurança Pública e o Talhão dos Bombeiros Sapadores.

É difícil entrar, como é difícil sair. É, de facto, um espaço singular. Agradável. É gigante, são vários hectares, várias ruas onde se multiplicam elegantes ciprestes até ao céu. Trata-se da maior e mais antiga concentração de ciprestes da Península Ibérica. Há misticismo, e há uma vista incrível. Um miradouro infinito que surpreende quem caminha pelas traseiras do cemitério. Grande, e maravilhosa visita. É ir e ver!

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