O Douro
És natural do Douro, tens lá as tuas raízes, e tens lá quase tudo. Mas pouco o conheces, não o exploras e não o valorizas como deverias (confesso!). Várias vezes fui confrontada com o ‘já estive lá, fui fazer o Cruzeiro’, ‘conheço os Cruzeiros, já fiz um’, ‘tenho que ir lá fazer o Cruzeiro’, ‘toda a gente me fala nos Cruzeiros’. Confrontos saudáveis aos quais respondi sempre ‘por acaso já há muito que o quero fazer, mas ainda não o fiz’. Tão próximo, e tão longe. E outros longe, bem longe do (nosso) Douro vêm para ficar próximos, para o manter vivo.
Sim, o Douro mantém-se vivo, e bem vivo, porque há quem lhe dê vida. E é a eles, aos que o trabalham e aos que o visitam, a quem digo – Obrigada -. Em parte, e de alguma forma, já pertencia ao grupo dos que o trabalham (desde muito cedo nas vindimas, risos). Mas queria também visita-lo. Vê-lo da perspetiva do turista (bem mais leve e confortável, risos).
O passeio
Em time off foi altura de embarcar num Cruzeiro de um dia. Iniciou bem cedo, no Cais da Régua, um cais que parecia ainda não ter acordado. Tudo permanecia parado e em silêncio como se ainda fosse noite. O sol já rompia forte entre as vinhas, e fazia-se adivinhar um dia quente, bem quente. Enquanto isso, fui embarcando calmamente numa embarcação já quase preenchida na sua maioria por estrangeiros (muito fáceis de identificar, risos) sorridentes e simpáticos (pareciam acordados há horas, risos). Foi um passeio de barco até à fronteira Espanha (Barca d’Alva). Vinhas & Vinhas íngremes onde se destacavam também elegantes e respeitosas Casas. As – Quintas -, a maioria delas bem identificadas, quase sempre pelo nome de família.
Um passeio para embarcar e desfrutar! O que já não deu para desfrutar foi o regresso (risos). Sim, realizado em comboio que circulava em carris marcados pelos anos, muitos anos, e ‘colados’ ao rio, fez-me pensar que podia não regressar (risos). Não ia depressa, mas também não ia devagar, demasiado ‘colado’ ao rio e um pouco solto dos carris, fez-me dizer – Cruzeiro sim, Comboio não -.
