A apanha da azeitona
Foi dia de ir até ao olival, um time off dedicado a uma atividade que não desconheço de todo. Sim, a apanha da azeitona é uma trabalho rural que já vem herdado de família. Um trabalho que nunca gostei, não sei se é por associá-lo a dias de chuva e frio, muito frio, o que tem sempre impacto, se é pelo facto de demorar horas, sim horas, a tentar encher um balde (risos). Isto é o que acontece quando não há toldes e se apanha diretamente da árvore ou do chão. É duro (mesmo em part time)! Cheguei a fazer algumas tentativas para colaborar no trabalho, mas desanimava sempre, que é o mesmo que dizer, -desistia -. Os anos passaram, e eu passei sempre ao lado do olival.
Gosto muito de azeite, mas isto de o ver só no galheteiro e no prato, também não me parece muito bem (risos). Não sendo uma questão de justiça, achei que devia ir até lá. ‘Este ano é um ano de muita azeitona, muita e bonita, grande, boa, talvez vá dar uma olhada, e uma ajuda!’.
No olival
Estava uma manhã fria, muito fria. Tinha geado durante a noite, e quando cheguei ainda havia algumas provas da geada branca. O sol abria e tentava aconchegar, mas mesmo a estender os toldes e a ripar algumas azeitonas da árvore mantive-me vestida com várias camadas de roupa. Não varejei, não porque me custasse subir à oliveira, isso faria-o com alguma facilidade (risos), mas optei por ajudar na movimentação dos toldes e no apertar dos sacos. Gosto de ver o saco cheio, pronto para apertar e seguir caminho. É mais leve, mais fácil e mais animador.
Foi uma apanha à azeitona sem qualquer recurso a máquinas (como o é sempre, aqui). As vinhas e os socalcos não o permitem, mas foi também uma experiência que gostei de viver ou re-viver. Depois, depois foi só acompanha-la até ao destino final, a – azenha -, espaço onde se reúne pessoal e maquinaria especializada para todo um processo complexo, mas interessante, a transformação da azeitona no azeite. Não fiquei a gostar mais de azeite (já gosto que chegue, risos), mas talvez volte mais vezes ao olival…
