A passear em terras brasileiras, na ilha de Santa Catarina, fiz questão de conhecer a arte mais popular e tradicional da cidade de Florianópolis, a – renda de bilro -. A arte de mãos sobre uma grande almofada e vários pauzinhos, os bilros. Levada há cerca de três séculos atrás por gentes Açoreanas  que se instalaram principalmente nos municípios do litoral. Enquanto os homens passavam largas temporadas na pesca, com redes artesanais, as mulheres teciam os fios nas almofadas de bilro. Daí, o ditado popular, ‘onde há rede, há renda’. Famílias, casais alinhados (risos)!

Renda de bilro

Passaram os anos, e a arte ficou. Ficou bem viva! Um bordado alegre, baseado maioritariamente em cores muito definidas, continua ainda a agitar muitas artesãs da ilha (mais de 1.000), e a ser a principal fonte de rendimento de várias famílias. Conversei com uma das rendeiras da ilha, a senhora Maria, e fotografei algumas das suas peças. Um time off colorido e divertido.

Começou a trabalhar como rendeira com seis anos de idade para ajudar no orçamento familiar. E nunca mais largou os fios, os bilros e a almofada. Hoje, além de continuar a trabalhar em casa como rendeira e de forma muito tradicional, dá também aulas de renda de bilro a cursos de moda na universidade de Floripa. Uma arte, uma tradição fashion! As rendas, criadas pela artesã e únicas, são vendidas maioritariamente a turistas em feiras e mercados de rua. São peças trabalhadas quase sempre em horas tardias, final de tarde até de madrugada, o período ideal para não ter interrupções.

“Aprendi renda de bilro ‘forçada’, tive que trabalhar para ajudar a família, mas isso não me traz más memórias, aliás todas as peças que criei e crio são inspiradas nessa altura, na infância. E é tudo feito com muito AMOR!” disse com os olhos a brilhar a senhora Maria. E brilho foi o que vi em cada peça. Rendas de bilro carregadas de cor e luz!

 

 

 

 

 

 

 

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