Um time off em Albergaria-a-Velha teve que contemplar a Rota dos Moinhos. Um dos seus mais recentes projetos turístico-culturais. É o concelho com o maior número de moinhos de água inventariados da Europa. Representa uma das suas identidades mais fortes, e mais bonitas. Chamam-lhe a capital europeia dos moinhos de água! A rota é constituída por 11 núcleos, num total de 14 moinhos, distribuídos em várias freguesias do concelho. Percorrê-la permite, entre outras coisas: i) vê-los em atividade – mós e rodízios -; ii) uma viagem ao passado de algumas das terras e gentes de Albergaria; e iii) conhecer alguns dos percursos pedestres da região. Encantadores.

Moinhos edificados sobretudo entre os séc. XVIII e XIX, com recurso a materiais de construção locais, moeram principalmente culturas locais, com destaque para o milho e trigo. Localizados estrategicamente, nas margens de rios e ribeiros, aproveitaram a força hídrica dos cursos de água, desviando-a pela levada diretamente até ao cubo onde a pressão era aumentada pelo efeito de gravidade, alimentando as penas do rodízio e fazendo-o girar. Quase todos moinhos de vários proprietários, eram utilizados de acordo com horário previamente acordado entre todos.

A visita

Mesmo num dia pouco convidativo (chuva sem parar), fiz parte da rota. Visitei 3 núcleos, 5 moinhos. Iniciei na freguesia de Ribeira de Fráguas, no maravilhoso parque dos moinhos. Lá, visitei o Moinho de Baixo, e os dois Moinhos da Quinta da Ribeira. Moinhos acionados pelas águas frescas e transparentes do Rio Fílveda que corre ao lado. Vi-os a trabalhar, e vi todo o enquadramento em que estão inseridos. O espaço remete-nos para o mundo encantado. É a natureza no seu estado mais puro, livre. Rural. O percurso entre os dois núcleos são algumas centenas de metros ao longo das margens do rio, e é também atravessá-lo em ‘intocáveis’ pontes de madeira. O parque, e moinhos, foram adquiridos e recuperados pelo Rancho Folclórico da Ribeira de Fráguas. Responsável pela sua gestão, e pelas visitas.

Ainda na mesma freguesia, segui de carro em direção aos 2 Moinhos do Regatinho. Uma viagem que demorou cerca de 10 minutos. É o núcleo de moinhos mais antigo de Vilarinho de S. Roque, Aldeia de Portugal. E chegar até eles é atravessar a aldeia. Acionados, também, pelo Rio Fílveda, caraterizam-se por nunca terem estado ao abandono e continuarem a ser utilizados para moer farinhas para os animais ou para a cozedura de broa, e outros produtos tradicionais. Os seus donos foram, e são, várias pessoas, que os usam de acordo com uma escala. No entanto, a aldeia sente-se ela própria ‘dona’ dos moinhos. Viveu e ainda vive o sentido de entre-ajuda, o espírito comunitário…

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