As festas de inverno em Trás-os-Montes, e portanto, também em Vinhais, estão associadas a ritos solsticiais. São celebrações que decorrem desde o natal, com a Festa de Santo Estêvão – solstício de inverno, até ao carnaval. São também designadas as festas dos mascarados! O mascarado é a personagem central. Toda a ação festiva é à volta dele. Festas que envolvem o mais profundo esoterismo e simbolismo. Vamos conhecer algumas delas?

Festa da Cabra e  do Canhoto

A Festa da Cabra e do Canhoto é uma tradição com origem em celebrações Celtas. Significa o final do verão e o início do inverno. É uma noite onde são invocadas todas as energias positivas que a natureza pode dar. Toda a celebração decorre à volta de uma gigante fogueira, onde: i) arde o canhoto (grande tronco de árvore); ii) se cozinha a cabra para comer; e iii) o bode, a representação do diabo é queimado. ”Quem da cabra comer e ao canhoto se aquecer, um ano de muita sorte vai ter”.

Festa de Santo Estêvão

A Festa de Santo Estêvão é uma celebração pagã. Anunciada nos primeiros dias de dezembro, suscita a participação de jovens rapazes que trajam fatos coloridos cobertos de fitas, campainhas e chocalhos e envergam uma máscara de pau, couro, cortiça ou lata. São os “caretos”! Antigos rituais pagãos que celebram a passagem da adolescência à vida adulta. Tudo lhes é permitido. Hoje, é celebrado a circular pelas ruas, a chocalhar por quem passam, a fazer peditórios. É um convívio colorido, barulhento, mas harmonioso e alegre, e ainda com muito do passado.

Entrudo dos Máscaros

É carnaval! Os “máscaros” saem à rua, juntamente com as “madamas” e “marafonos”, para fazer as suas habituais tropelias, principalmente às moças solteiras. O dia, longo e agitado, termina em grande, com a “galhofa”. O baile tradicional.

A Morte e os Diabos

A Morte e os Diabos, celebrada na quarta-feira de cinzas, primeiro dia da quaresma, é uma festa com um significado claro, a necessidade de – penitência -. Os diabos, muitos, saem à rua para atormentar as pessoas, especialmente moças solteiras. A morte, munida da gadanha e do chicote acompanha-os. Mais que atormentar é apanhá-las e levá-las  “à pedra” (a fonte do jardim central ou o pelourinho), e forçá-las a ajoelhar-se perante a morte que as obriga a rezar uma oração.

Mil Diabos à Solta em Vinhais

Os Mil Diabos à Solta é um prolongamento da festa original realizada na quarta-feira de cinzas. A Morte e os Diabos. Uma tradição secular e única em Portugal, cujas origens permanecem desconhecidas.

São mil diabos acompanhados de uma Morte gigante, numa procissão pelas ruas da vila até à Pedra. Lá, as raparigas aprisionadas são castigadas e um espetáculo de som, luz e fogo revela o rosto da Morte. Nesta festa ganham destaque as encenações e a espetacularidade do desfile com as mais de mil pessoas a envergarem o fato encarnado do diabo.

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