Fui conhecer o maravilhoso roteiro literário de Ferreira de Castro (1898-1974). O notável escritor português, deixou, em parte da sua obra, muito daquilo que foi a sua vivência de infância na terra natal. Ossela. Uma ”ajuda” preciosa para ajudar a construir os caminhos, o projeto-roteiro. Concebido pelo Centro de Estudos Ferreira de Castro, teve como objetivo a promoção da literatura em roteiro, para desenvolvimento económico, social e cultural, bem como contribuir para a preservação ambiental do meio rural. Que time off!
Visita
Ossela é uma freguesia de Oliveira de Azeméis caracterizada por uma forte paisagem rural. Atravessada pelo Rio Caima, é das localidades mais bonitas e naturais da região. Já o dizia o próprio, Ferreira de Castro. ”Cortado pelo rio Caima, debruado de amieiros e de salgueiros, o Vale de Ossela é uma série de rincões edénicos, onde a Natureza veste as suas melhores galas, despretensiosamente, como se o fizesse por simples hábito… Torna-se, porém, necessário trilhar ínvios caminhos para surpreender todo o encanto da terra doce, que parece contemplar-nos com uma meiguice sonhadora, numa ternura que não se esquece.”
O percurso, pedestre, estende-se a mais de 12 km e envolve os vários espaços de vivência e inspiração do escritor. São as estações! 34 paragens, sinalizadas e contextualizadas, que devem ser feitas para viajar ao seu passado, marcado por aquelas terras e pelo envolvimento com as suas gentes. Destaque para: i) a Casa-Museu – onde nasceu, e onde ainda estão os sapatos e a mala que o acompanharam na volta ao mundo; ii) a escola primária que frequentou; iii) a Igreja Velha (onde foi baptizado e fez a comunhão); iv) o rio Caima (local onde tomava banho durante o recreio escolar); e v) a Biblioteca com parte do espólio do romancista, várias traduções dos seus livros e a biblioteca pessoal. E muito mais.
Há, em cada estação, uma pequena história para ser lida, que nos remete a outros tempos, que nos leva a imaginar a criancice do escritor por ali. Fazer o roteiro é percorrer calçadas, caminhos, carreiros, travessias de ribeiros e pontes, subidas e descidas de rampas, e uma ligação centenária entre as margens do rio Caima, denominada “Cinco Pontes”. É ir até lá, e caminhar …
