As torres medievais são uma identidade do concelho de Vouzela. Portanto, fui conhecê-las. Fiz o circuito das torres. Um roteiro criado para dar a conhecer um pouco do passado-património dos Vouzelenses.

Construções fortificadas, de arquitetura similar às torres de menagem, surgiram entre os séc. XII e séc. XIII, como residências senhoriais da pequena nobreza e segundas linhagens. Edificadas em zonas rurais e locais férteis, simbolizaram a iniciativa individual na busca do lucro e da afirmação social.

Torre Medieval de Vilharigues

Localizada em Vilharigues, e implantada sobre uma acentuada elevação, é fácil de localizar, mesmo antes de chegar. Imóvel de Interesse Público, terá sido construída entre os séc. XIII e séc. XIV. No entanto, não há informação sobre quem a terá mandado erigir. A sua posição estratégica e o perfil militar, levaram, e levam, a que se confunda com um castelo ou torre de menagem. Destaque para os imponentes matacães e as ameias. Estas, sinónimo de prestígio. A sua colocação obrigava a autorização régia. Apesar de se encontrar em ruínas, foi alvo de intervenções recentes, nomeadamente de conservação e acessibilidades.

Torre Medieval de Cambra

É junto a dois rios, Alfusqueiro e Couto, e num pequeno e baixo vale de Cambra que se ergue o elemento defensivo. De configuração bastante rudimentar, terá sido construída entre os séc. XIII e séc. XIV. Tendo sido habitado até finais do séc. XVI e inícios do séc. XVII. Acredita-se também que terá tido várias construções contíguas à torre, bem como uma construção adossada. Hoje, encontra-se parcialmente arruinada, e sem cobertura, mas enquadrada num bonito e arranjado espaço de lazer. Factos comprovam a ocorrência de um incêndio na sua estrutura, no passado.

Torre Medieval de Alcofra

Situada em Alcofra, é a torre em melhor estado de conservação. Por um lado, por ser a construção mais recente, séc. XIV e séc. XV, e por outro, por ter vindo a sofrer frequentes intervenções. Implantada num vale, no centro da povoação, e de fácil acesso, privilegia a sua visão sobre os campos de cultivo. Destaque para a única entrada, uma porta de arco redondo, e ainda a original, erguida no primeiro piso. (Era preciso dificultar o acesso a ‘intrusos’. Já eles acediam através de uma escada amovível.) Relativamente a quem a edificou e habitou, a informação não é clara, pois na procura de tesouros ou outros artefactos o seu interior foi várias vezes violado. De salientar as seteiras, as pequenas frestas que no piso térreo, serviam para arejar e iluminar um compartimento onde estariam mantimentos e alfaias agrícolas.

A torre foi recentemente preparada para dar a conhecer mais sobre os velhos e misteriosos tempos do período medieval no concelho. É lá, no interior, que se apresenta o Núcleo Museológico do Património de Vouzela. Um espaço com conteúdos que nos permitem viajar a um território controlado e defendido por torres senhoriais que permanecem ‘vivas’ …

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