Estar em Póvoa de Lanhoso, em time off, é também conhecer uma das suas mais valiosas artes e ofícios. E uma das suas identidades mais fortes. A filigrana! Artes e ofícios de Portugal.
”A palavra filigrana deriva do latim filum, fio de metal, e granum, um grão. Consiste no manuseamento de dois finíssimos fios de ouro ou prata, torcidos manualmente entre duas tábuas, convertendo-os numa ténue fita serrilhada. Posteriormente, e com recurso a uma pinça (ou buxela), o ourives vai preenchendo os espaços vazios da armação que, após concluir este processo, é coberta com solda e recorrendo a um maçarico faz a soldadura. Depois de esfriar, a peça é colocada num recipiente com ácido sulfúrico para branquear. De seguida, é mergulhada numa massa salitrosa para dar mais cor ao amarelo do ouro. No final deste processo químico, e com auxílio de uma escova metálica, a peça é polida com o propósito de lhe dar o brilho definitivo. ”
A visita
Fui explorar este trabalho peculiar e marcadamente artesanal. Exigente, de grande minúcia e destreza, torna os mestres filigraneiros num dos últimos bastiões nacionais na preservação da técnica da filigrana.
Para enquadrar, comecei por visitar a Sala de Interpretação da Filigrana (SIF), no centro da vila, e integrada no edifício do posto de turismo. Uma justa e clara homenagem a quem trabalha esta delicada e singular arte. Lá, destaque para os processos representados num itinerário que convida o visitante a apreciar os recursos utilizados, e as belíssimas e distintas peças criadas por ourives da região.
Depois, foi altura de ir ao terreno, à oficina, ao atelier – Oficina do Ouro -. Fui até à freguesia de Sobradelo da Goma, que juntamente com Travassos, são as que mais trabalham a filigrana. No atelier, são produzidos alfinetes, brincos, colares, pendentes, pulseiras, trancelins, botões, e outras peças de joalharia tradicional portuguesa. Gosto tanto. Estavam lá. Vi-as, como vi os processos, a cores e ao vivo. Que trabalho incrível, brilhante. Um trabalho de Ouro!