O mundo rural pode não ter a quantidade de gente da urbe, que de facto não tem, mas tem ‘fibra’. Poucos, mas bons! São gentes de garra, e gentes de festa. Alegres. Autênticos. E é também por isso que gosto tanto de ir até lá. Onde as tradições, os costumes e os comportamentos são ainda do mais puro e verdadeiro. É também, muitas vezes, o meu mundo. O rural.

Fui até ao nordeste transmontano, quase na fronteira com a vizinha Espanha. Um time off em São Julião, no município de Bragança, para ‘fechar’ a feira rural da terra e da gente de Lombada. Uma iniciativa organizada pela União das Freguesias de São Julião de Palácios e Deilão. E que iniciativa! Vários dias, várias atividades, que animam a terra, as suas gentes e quem os visita.

A feira

Escolhi o último dia. Quis acompanhar o meu irmão na Montaria ao Javali. Uma das maiores atrações da feira. Trata-se de uma das mais importantes e populares zonas de caça maior do país. A Zona Nacional de Caça da Lombada, no Parque Natural de Montesinho. Onde também se concentra a maior reserva natural de veados. Expectativas elevadas! Conhecendo toda a envolvente de uma montaria, desde muito miúda (filha e neta de caçadores), foi a primeira vez que me aventurei do lado de lá.

A vontade de ir fez-nos levantar antes do despertador. Portanto, chegamos cedo. Temperaturas baixas, e um grande madeiro no centro da aldeia começava a aquecer os primeiros que chegavam. Monteiros, ciclistas, atletas, e outras gentes, uns à volta do madeiro e outros no pavilhão. Além da montaria, realizou-se também um Passeio de BTT e um Trail.

Montaria ao Javali

A concentração para a montaria ganhou força com o ‘mata bicho’, a primeira refeição antes de irmos para a mancha. Comida com substância, do melhor da gastronomia local. Depois, e já de barriga cheia, distribuídos por várias carrinhas, e em grande excitação lá fomos nós até à sorte que nos calhou, à – porta -. O local onde se espera pelos bichos. Ali, javalis. O único animal permitido abater.

Ficamos talvez numa das melhores portas em termos de vista. Desafogada, agreste e diversificada. Magnífica! No entanto, não queríamos só vista. Queríamos ver uns javalis a passar. E o meu irmão queria atirar! Mas não vimos. Ouvimos tiros, vários, ouvimos as matilhas, e quase não comunicamos. Ali não se fala. Comunica-se com os olhos, e pouco mais. Não são permitidos grandes gestos, nem movimentos. São cerca de quatro horas em silêncio e alerta. O momento alto, o nosso, foi quando dois elegantes veados se aproximaram. Fiz um filme! Mas noutras portas, houve mais sorte. Foram caçados um total de 32 javalis, que foram a leilão antes do jantar convívio. Que dia, que convívio, e que vontade de voltar!

Filme – Veados! (click aqui para abrir e ver)

 

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