Molelos é aldeia e freguesia do concelho de Tondela, e é também uma das suas identidades mais fortes. É terra de artesãos. Artistas. É lá que é produzida a louça preta. Uma tradição artesanal que conta com um passado longínquo, e que sobreviveu. Um time off artes e ofícios do ‘nosso Portugal’ na origem. Gosto tanto.

No passado as peças eram cozidas no solo, numa cova feita na terra. Atualmente, os artesãos usam o forno a lenha, mais prático e funcional, numa cozedura que dura 5 horas. E é nesse processo, na cozedura, que o barro adquire a cor preta, conseguida em ambiente de reduzido oxigénio e uma atmosfera carregada de carbono.

Visita

Da cidade até lá são cerca de 3 km. Foi fácil e rápido. Há sinalização a indicar o destino. E depois, há, já lá, indicação das várias olarias a trabalhar o barro, 5. A distingui-los, o espaço, a oficina, alguns passos do processo, as mãos, os moldes, alguns tipos e estilos de peças, alguns motivos … Em comum, o produto final, as peças de – barro preto -. Quase sempre com modelos legados pela tradição, tais como cantarinhas (bilhas) de segredo, assadeiras e pucarinhos. Visitei um deles, aleatoriamente.

Fui até à Olaria Moderna, do senhor António. Alguém que faz deste trabalho a sua vida a tempo inteiro há cerca de 30 anos. Começou esta arte com 14 anos de idade, ensinado por um tio. Hoje vende muito, principalmente para a restauração. Chega a negar encomendas, pois não consegue responder à procura. ”Este trabalho é bonito, mas muito exigente, consome um tempo incalculável nos acabamentos. As pessoas não têm noção do que é bromir (polir) cada peça com reduzidas pedras de seixo. É aí que nos distinguimos e damos brilho ao produto.” Conversamos sobre todo o processo, circulamos pela oficina, pelo espaço reservado à cozedura, e claro está, também visitei a ‘loja’. Gosto do que é tradicional, e gosto de comprar na origem …

Deixe um comentário