Um mês de time off em Bali permitiu-me passear e pernoitar em vários sítios da ilha. Em pontos que antecipadamente tinha definido como interessantes por diversos motivos (os meus, está claro!). E Amed foi uma dessas paragens. Não é das zonas mais turísticas da ilha, nem tem o movimento e o desenvolvimento de outras regiões. Lá a vida é ainda mais simples, mais pura, mais fácil. O tempo rende, quase não há trânsito. Vêem-se umas scooters a passar de vez em quando. Um carro ou outro em shuttle service a deixar ou apanhar passageiros (turistas como eu). Quase sempre em estradas repletas de buracos e emendas, com partes ainda em terra batida.

No entanto, tem algo que a torna especial e ainda assim falada. É procurada para praticar snorkelling, mergulho e fazer caminhadas até ao vulcão. O que me levou até lá não foi o mergulho, nem o vulcão. Foi o snorkelling, queria ver peixes multicores, multi-tamanhos, queria nadar com eles. Mas à minha maneira, à superfície e próximo de terra (risos). Procurei uma casa mais simples que em outras paragens (eram só duas noites). Ainda assim tinha bom aspeto e parecia arranjada. Ficava quase em cima da areia, frente para o mar e vista para o vulcão. O acesso era feito via praia, mas isso até ‘parecia’ giro (diferente).

Mas esqueci-me de verificar e perceber a dimensão da casa (número de quartos,…). Embora pareça irrelevante, não é, nem foi, principalmente quando além de estar sozinha,estava numa zona isolada de tudo e de todos, com muita praia, muito bosque, e muito pouca gente. Chego e percebo que a casa apesar de corresponder às fotos só tinha dois quartos. Sim, dois quartos! O enquadramento era fantástico, mas ficar ali a dormir sozinha, ou quase sozinha, deixou-me em pânico por minutos (horas, risos).

O host era um senhor sorridente e atencioso, bem encorpado, pensei logo ‘não há problema, ele deve dormir por aqui, por isso estou segura’, ‘não há razão para stress ele é um verdadeiro segurança’, ‘isto estava num site credível portanto tem que ser seguro’… Não perguntei logo se estava alguém no outro quarto, quis dar um mergulho e tentar usufruir da vista e paz que aquele sítio transmite, mas não consegui! Só pensava, ‘será que não está ninguém no quarto do lado’, ‘ e se o senhor não dorme por aqui’…

Ainda antes de anoitecer, o host, o senhor que no meio daquilo tudo me transmitia alguma segurança, despede-se e diz ‘até amanhã, eu durmo no bosque’. Não caí para o lado, não pedi ajuda (não havia razão para isso, afinal estava no paraíso, na ilha dos Deuses), também não partilhei o pânico, mas perdi a noite! Sim, ouvi cada onda a bater na areia, cada ranger de canas de bamboo, cada zumbir de inseto, não pelo ruído que emitiam, mas em – silêncio e alerta – qualquer som é o fim do mundo …

 

Deixe um comentário